01 fevereiro 2013

Nesta farmácia do Bairro Alto, o vinho é o melhor remédio




Por Mara Gonçalves ,

Parou o labor de uma velha farmácia e nasceu um bar de vinhos lisboeta. Há mais de 200 néctares à escolha, além de muitas outras propostas de petiscos e bebidas. Mas The Old Pharmacy Wine Inn tem mais na manga: garante uma singular união luso-indiana.
Durante mais de 170 anos, a Farmácia Labor curou mazelas, aviou receitas e curativos aos moradores e transeuntes do Bairro Alto, em Lisboa. Agora os remédios são outros. Depois de três anos encerrado (a Labor mudou-se para Benfica), o edifício foi transformado em bar de vinhos portugueses.
Mas o novo proprietário gostou tanto da história da botica centenária que decidiu prestar-lhe homenagem. O nome do novo bar remete-nos para a antiga farmácia e, na sala principal, os velhos armários mantêm-se "o coração do espaço", defende Ajay Diwan, proprietário do The Old Pharmacy Wine Inn.
No branco original, os móveis continuam a forrar as paredes de alto a baixo em toda a divisão, com pequenos ornamentos a dourado. Contudo, nas vitrinas, as caixas de pomadas, xaropes e comprimidos deram lugar a dezenas de garrafas de vinho, expositor vivo da carta seleccionada pelo escanção Sérgio Antunes. O licor dos deuses, além de protagonista nas paredes de vinho, inspira também bancos, mesas e balcões, feitos a partir de pipas antigas; e os centros das mesas são cobertos de rolhas de cortiça.
Porém, este wine bar está longe de ser uma típica taberna portuguesa. O aspecto clean vigora em todo o espaço, com o chão e paredes em tons claros a conferirem luminosidade, complementados por uma iluminação marcada, nomeadamente nos tons coloridos que se acendem nos armários farmacêuticos.
Entre os móveis da sala principal e o balcão, são mais de 200 os vinhos que aqui se podem degustar, copo a copo ou à garrafa, entre tintos, brancos, rosés, espumantes e licores de todas as regiões do país. A única regra é serem vinhos portugueses (e porque toda regra tem excepção, há champanhes de outras paragens).
"Tenho muitas propostas de vinhos da Costa Rica, Chile, Argentina, Austrália, América, mas digo sempre que não. Eu estou em Portugal, vou vender só vinhos portugueses", garante o empresário indiano. Até porque, relembra, "quem entra no Bairro [Alto] vai sobretudo à procura de coisas portuguesas".
Quanto a recomendações de vinhos, Ajay Diwan diz sempre sugerir "aqueles de que gosta pessoalmente". É fã dos vinhos de Setúbal, como o tinto Casa Ermelinda Freitas feito de monocasta Trincadeira, e dos de Lisboa, nomeadamente Quinta do Pinto. Mas "depois há um rosé do Algarve muito bom" ou o vinho do Porto Graham"s. "Cada região tem uma coisa própria. Eu recomendo aqueles que bebo e gosto. Se o senhor não gostar, não paga", afirma o empresário.
Mas afinal o que leva um indiano a abrir um bar de vinhos? "Na Índia não bebemos muito vinho, bebemos whiskeys e outras bebidas", confessa. Mas quando veio para Portugal, em 2004, começou a provar e gostou "bastante": "É uma bebida saudável, até um certo limite não prejudica a saúde e tem um sabor agradável." Desde então ficou "com a ideia na cabeça de que, quando tivesse oportunidade e encontrasse um bom local, abriria um bar de vinhos". O sonho cumpriu-se e este Verão nasceu o The Old Pharmacy Wine Inn numa das curvas do Bairro Alto.
É constituído por pequenas salas adjacentes, mas no fundo o bar divide-se em dois: de um lado uma loja de vinhos, do outro uma sala de chás e café. "Há pessoas que não gostam deste tipo de ambiente e por isso criei aquela sala para quem prefira beber chás e bebidas sem álcool", explica.
Esta segunda ala, com porta independente para a rua, tem uma decoração de inspiração indiana, onde a maioria das peças expostas estão para venda. Contudo, o futuro desta sala poderá estar prestes a mudar para uma decoração "mais virada para os vinhos, mais cosy, romântica e agradável".
Para breve estará também a inclusão de petiscos indianos, como chamuças e outros pastéis, na carta de tapas, onde já se pode escolher entre frutos secos, patés, tábuas de queijo e presunto, entre outros. E haverá sempre a inclusão de novos vinhos numa carta em constante crescimento.
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Preços: café a 1€; cerveja a 1,90€; água a 1,75€; sumos a 2€; chás a 2,5€; vinho a copo entre 2,20€ e 7,50€; garrafa de vinho desde 8,80€ até 52€; azeitonas a 1,50€; frutos secos a 2,50€; paté a 3,50€; tábuas de queijo a partir de 8€; tábuas de presunto a partir de 3,80€; tábua de presunto, queijo e nozes a 15€.