27 novembro 2011

FADO, PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE


A vitória da candidatura do fado a Património Imaterial "poderá trazer mais pessoas às casas de fados", disse à Lusa Pedro Ramos, um dos proprietário do restaurante típico O Faia, em Lisboa.



Segundo Pedro Ramos, "registava-se já uma afluência maior dos portugueses, que veio a ser refreada com este discurso da crise que afastou alguns clientes portugueses habituais".
"Caso a vitória se confirme, como esperamos, talvez dê mais vontade às pessoas, nomeadamente aos portugueses, de virem passar uma noite aos fados", prognosticou.
O restaurante O Faia, no Bairro Alto, em Lisboa, foi fundado em 1947 pela fadista Lucília do Carmo como Adega da Lucília, tendo passado por sucessivas gerências.
A partir de dezembro integrará no seu cartaz o fadista Ricardo Ribeiro, Prémio Amália Rodrigues Melhor Intérprete 2011. Atualmente cantam n`O Faia, Lenita Gentil, António Rocha, Anita Guerreiro e Ana Marta, distinguida este ano com o Prémio Amália Revelação, acompanhados à guitarra portuguesa por Fernando Silva e à viola por Paulo Ramos.
"Para a prática fadista, a curto e médio prazo", a possível vitória da candidatura portuguesa "não irá alterar muito, e não impulsionará um novo `boom` de valores como aconteceu há uma década", considerou Pedro Ramos.
Para o empresário, "registou-se um `boom` de novos valores por volta do ano 2000, logo após a morte de Amália Rodrigues [a 06 de outubro de 1999]" e considerou que "esse `boom` está até, de certa forma, como causa desta candidatura".
Pedro Ramos afirmou que "neste âmbito as casas de Fado têm sido bem tratadas".
"Nós vamos continuar a fazer o trabalho que fazemos há muito tempo: dar Fado na cidade do Fado. Somos o único equipamento que apresenta Fado todos os dias", concluiu.
Hoje, num comunicado enviado à Lusa, o restaurante Fado Maior recordou uma promessa feita em 2004 pelo então presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes, quando do lançamento da ideia da candidatura a património da Humanidade, de redução da carga fiscal às casa de Fado.
"Durante todo o processo da candidatura, de qual a Câmara esteve sempre a par, nunca mais se voltou a referir este facto [...] do tal alívio da carga fiscal", lê-se no comunicado que adianta ainda não se ter reconhecido "o serviço que as casas de Fado prestam à Cultura".
No mesmo comunicado salienta-se que os empresários das casas de Fado não são meros agentes comerciais mas apresentam "um produto que é a identidade de uma cidade, de um país, de um povo!".
A candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade foi apresentada pela Câmara Municipal de Lisboa através da EGEAC/Museu do Fado, em junho de 2010, e foi votada no VI Comité Inter-Governamental da Convenção da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), que decorre desde terça-feira em Bali, na Indonésia.