08 novembro 2010

FRIENDS BA: MATAR A SEDE DE SABER


Quem passa por este bar vai, de certeza, encontrar amigos, nem que seja em forma de livros: o Friends tanto dá música ao vivo ou DJ sets pela noite fora como troca livros (por outros ou por bebidas) ou os vende a preço de pechincha durante todo o dia.Nietzsche, Fernando Namora, Jorge Amado e mais umas centenas de amigos literários arrumam-se pelas grandes estantes que marcam a grande e colorida sala de estar do Friends. Mas, se não estes, outros grandes nomes da literatura já estão habituados ao n.º 99 da "bairroaltista" Rua da Rosa: esta era a casa do Cem Medos Café Cultural, que já incluía livraria. Assim, com os livros na ascendência, o Friends pegou no conceito e fê-lo evoluir para outro patamar: agora, alia a animação nocturna - com música ao vivo ou DJ - à arte da leitura e ao book crossing, isto é, aqui o objectivo não é, de facto, apenas vender livros, mas, acima de tudo, dá-los a ler, incentivar a sua leitura e permitir a sua troca. (…)

Mas nem só de livros se faz este círculo de amigos. Com uma lista de bebidas clássica (a que se juntam alguns cocktails e misturas de êxito garantido, casos das Caipirinhas ou Mojitos - havendo a possibilidade de adquiri-los em tamanho quase balde, 7,5l) o Friends tem espaço para todos.A sua capa é do mais transparente, com uma fachada composta por altas portas de vidro que se deixa logo transparecer a todos os que vão cruzando a Rua da Rosa, habitualmente menos caótica e dada a multidões contínuas que as suas vizinhas de baixo. O bar é uma ampla sala de paredes coloridas em tons quentes, pontuada logo à entrada por grandes bolas de espelhos e onde se impõe um belo balcão em meialua, que também serve como uma espécie de divisória: para a direita, oferece uma mesa com alguns computadores com ligação à net (que, como a rede sem fios, podem ser utilizados gratuitamente, bastando consumir para ter acesso), alguns pufs acolhedores e uma das estantes de livros; para a frente, além da série de mesas e cadeiras, impõe-se logo a parede-estante pejada de livros, à frente da qual se colocam os artistas destinados a animar a noite. As paredes são também usadas para pequenas exposições temporárias, com os quadros disponíveis para comprar. Já a marcar a parede do balcão de bar está um ecrã, onde vão passando imagens de clientes e de festas, ou informações sobre o sítio. Ainda a marcar o espaço, o cachimbo-de-água (também chamado shisha ou narguilé).

Quem interliga as ideias de livros e bar, pensará, decerto, num plácido e intelectual ambiente. Mas engana-se. O Friends vai mudando muito ao longo do dia. Com um largo horário, pouco usual nos bares das redondezas, abre as portas logo às 15h00, acolhendo uma clientela mais calma, com direito a chás e pastelaria, pequenos grupos de amigos, estudantes, casalinhos em passeio, turistas à descoberta. E vai avançando dia fora. As noites são mais animadas e, especialmente quando a música ao vivo ou o DJ ajudam, podem mesmo acabar por transformar o Friends numa quase pista de dança. As idades da freguesia também vão mudando: mais madura de dia, e mais jovem à noite, particularmente aos fins-de-semana.

Luís J. Santos

In: Público

 Seg - Qui:
12:00 - 2:00
Sex - Sab:
12:00 - 3:00
Dom:
12:00 - 2:00